No dia 05 de março, o Portal Gauchazh publicou uma matéria sobre o colapso da saúde mental. Estima-se que com a conjuntura atual, poderão faltar Psicólogos e Psiquiatras para suprir a demanda de pacientes. A causa maior são os sofrimentos causados pela pandemia do Coronavírus. O medo, angústia, sensação de cansaço e esgotamento mental são pautas frequentes na clínica. Mas além de fatores pandêmicos, temos muito mais a se conversar sobre esse cansaço.
Nosso Psicólogo Parceiro José Dobrochinski Neto nos alerta sobre as repetições de padrões, ao afirmar que todos os dias, estamos vivendo o mesmo dia. Tudo sempre é da mesma forma, seguindo os mesmos rituais: "Diariamente lidamos com essa falta de perspectiva, como se não tivéssemos mais onde se ancorar para sustentar tudo isso. E esse sentimento acaba inibindo as ações de reinvenções, reposicionamentos e criações ``, conta.
Para além disso, socialmente e historicamente, estamos percebendo uma movimentação de perda de direitos, fazendo com que o sentimento gerado seja o de sempre estarmos andando para trás. Neto afirma que em paralelo com a pandemia e a política, temos o que chamamos de Sociedade do Desempenho, onde "há apenas a cobrança excessiva em ser o empreendedor de si mesmo, e essa visão liberal acaba nos deixando pior ainda." Neto sente que é importante nos percebermos nesse processo, nomear e se relacionar com esse sentimento de impotência que estamos vivendo nos últimos tempos.
Para o nosso Psicólogo Parceiro Vinícius Brasil, é necessário que haja uma reforma política urgente para que a população volte a ter esperança. Vinicius fala sobre a nossa cultura do afeto e o quanto essa falta de afeto desestabilizou as pessoas: "Nós somos o povo dos dois, três beijinhos para cumprimentar o outro, somos de afeto que se sente e que não se pode demonstrar virtualmente. Sinto que a falta desse sentimento do afeto de toque também está contribuindo para esse cansaço mental, "conta.
E o que fazer com tudo isso? Nossa Psicóloga Parceira Kat Batista nos alerta para as redes sociais e demais formas de mídia: "Conversando sobre esses sentimentos com meus pacientes, eu procuro adotar algumas medidas para que eles não pensem só nisso: diminuir o tempo de mídia ou limpa nas redes sociais para ver se esse sentimento diminui está ajudando, pois quando a gente consome muito de um assunto como a falta de vacina ou falta de leitos, por exemplo, você está consumindo muita tristeza," relata.
Kat encerra nosso papo com uma frase difícil de engolir, mas necessária: A esperança, de fato, ainda está longe de ser real. Mas se cada um fizer sua parte, é possível que essa caminhada se torne mais "fácil".
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