Ser mãe é treta. Agora imagine ser mãe de primeira viagem no meio de uma pandemia, sem rede de apoio e longe da família. O puro creme da sobrecarga. Eu sempre desejei ser mãe, mas cair de cabeça na maternidade com o País virando ao avesso não é nada animador. Sei que nunca foi fácil criar filho, a tal da romantização da maternidade é a responsável em nos enganar, mas ter filho em tempos nebulosos como o que estamos vivendo é mais do que revolucionário, é uma afronta.
Último dia em que saímos de casa para aglomerar foi dia 14 de março de 2020. Fomos ao primeiro aniversário infantil com o Francisco, que estava com 5 meses. Antes disso, enfrentava o puerpério - período em que não se distingue mãe e bebê. Então, o nosso último evento foi bem importante, reencontramos e apresentamos o nosso bebê para muitas pessoas queridas.
Ainda não usávamos máscaras e os abraços eram demorados, além disso comer e beber bem coladinhos um do outro era normal e tranquilo. Os próximos meses foram marcados por notícias angustiantes, choros de todos os lados, mensagens por telefone, chamadas de vídeos, e vídeos e fotos do Francisco crescendo, o nosso respiro no meio da turbulência.
Passamos da marca de 500 dias de pandemia, hoje comemoro que eu e meu companheiro fomos vacinados com a primeira dose. Francisco recebe anticorpos pela amamentação e seguimos acreditando na imunidade por meio da vacinação. Por enquanto, continuamos nos cuidando, torcendo por dias melhores e uma sociedade mais justa para as mães e nossas crianças.
* Priscyla Lôbo é paciente da nossa psicóloga parceira Kat! Esse texto foi autorizada a veiculação por Priscyla.
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