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Foto do escritorCanto Baobá

O que acontece quando você mente na terapia?

MENTIR NA TERAPIA?


Um grande tabu quando falamos sobre atendimento psicológico é a presença da mentira durante o atendimento. Se a terapia deve ser um local e acolhimento e autoconhecimento, por qual motivo a mentira ainda acontece?


Convidamos alguns psicologues parceiros do Canto para falar um pouco sobre este assunto!


A mentira como parte do processo


Para Débora Guerreiro, é necessário construir um espaço seguro para escutar o paciente, sem pregar moralismos.


"A ideia do processo psicoterapêutico é que seja um lugar seguro e sem censura, para que a pessoa possa falar livremente sobre suas questões, relações, sentimentos e até mesmo suas mentiras.” “É importante examinar qual a função desta mentira, o que ela diz sobre u paciente, seus medos, desejos e se essa relação também existe fora da análise. Investigar essa mentira é entender quais seus impactos nas áreas da vida du paciente e assim propor caminhos para novos significados e novas formas de lidar com tais questões.” - Débora Guerreiro


A mentira também pode existir aqui


Ana Paula Soares, reforça que a terapia deve ser um local seguro e sem julgamentos, enxerga também que a mentira pode ser algo válido para o processo psicoterapêutico.


“Existem muitos contextos onde u paciente pode mentir, é importante analisar qual significado que aquela mentira tem; além da relação entre psicologue e paciente. Pessoas que experimentam um ambiente hostil, onde ser verdadeiro não trouxe bons frutos, podem ter dificuldades em usufruir de um espaço seguro, tentando controlar o conhecimento que u psicologue tem sobre elas.” “Mentir também é uma forma válida de estar em terapia. Pode ser um processo importante até que u paciente construa estrutura para acessar abertamente sua verdade crua. A terapia se torna um espaço de experimentação no qual é seguro se aproximar da autenticidade.” - Ana Paula Soares


A mentira e o tempo


Para Marcos Pinheiro, mentir na terapia é algo totalmente compreensível e justificável,, pelo menos durante as primeiras sessões.


“No processo psicoterapêutico vamos falar sobre vulnerabilidades e não é comum que todos sintam-se preparados para dialogar sobre isso, com alguém que a princípio é desconhecido.” “É um movimento compreensível para se proteger do julgamento do outro. Espera-se que, após algum tempo, este paciente perceba que está em um lugar seguro e passe a falar abertamente sobre suas limitações, medos, vulnerabilidades sem o medo de ser julgado.” - Marcos Pinheiro


O autoconhecimento é importante!


Noemi Machado concorda com a existência de um movimento de proteção de pacientes no começo da terapia, por não perceber estarem em um local seguro. Também reforça que a terapia é uma jornada difícil de autoconhecimento. Sendo assim, o comprometimento e participação du paciente pode facilitar muito este processo.


"Enquanto alguns pacientes podem mentir por medo do julgamento alheio, outres podem não estar prontos para reconhecer suas próprias verdades e acabar mentindo involuntariamente, por não enxergar a realidade na qual está inseride. Em casos mais extremos onde intervenções são necessárias, a mentira pode acabar complicando o andamento das sessões." "Em ambos os casos, a relação entre paciente e psicologue são extremamente importantes, bem como o comprometimento de ambos em todo o processo psicoterapeutico." - Noemi Machado


Quebra de ilusões?


Para Neto Dobrochinski, a mentira pode fazer parte do processo analítico, podendo tanto prejudicar a análise, repercutindo uma versão falsa da experiência vivida, como ajudar no entendimento do universo de fantasias de cada paciente, desde que seja reconhecida como tal e vire motor para novas associações.


“A mentira pode ser entendida como um processo lúdico em que o sujeito se reposiciona em relação a uma realidade desvantajosa, em geral para proteger a imagem que se tenta manter de si mesmo, movido por um ideal frente ao qual se está em dívida, ou para atender o que se pressupõe serem as expectativas de um outro. Como em análise se fala muito sobre o que não se tem certeza, sobre o que não se sabe ao certo e do que é incoerente por natureza, se relacionar com as fantasias e suspender a relação com uma verdade inequívoca é parte importante no processo de quebrar ilusões e construir novos significados.“ - Neto Dobrochinski


Entender que a terapia é um local seguro e livre de julgamentos pode ser difícil, mas colabora com o andamento das sessões e processo de pscioterapia.


De qualquer forma, até mesmo a mentira pode agregar nesta jornada.

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