Eis que crescemos e idealizamos um amor. Aquele de filme, de comercial de margarina. Onde duas pessoas perfeitas e sem erros, brancas, se encontram e necessariamente são um homem e uma mulher, que no futuro planejam ter dois filhos. E um cachorro.
Mas a vida real bate à porta. E vamos percebendo, aos pouquinhos, que a concepção do amor romântico é um tanto diferente de quem somos de fato.
Já se perguntou, de verdade, o que é um amor real para você?
Porque sabemos que o amor vendido só atende a um determinado grupo de pessoas, com acesso às oportunidades, espaços, visibilidade e todas as palavrinhas boas que se tem por aí.
Vemos muito na clínica casais LGBTQIAP+ com dificuldades de amar, pois a única concepção de amor que é colocado é o heteronormativo e cisgênero, onde há sempre a anulação du outre para que haja um casal. Em casais heteronormativos, vemos a dificuldade em se buscar autocuidado, construção de independência e quebra de papéis de gênero. Quando há espaço para essas reflexões, se deparam com mais um obstáculo: sustentar esse afeto.
Homem: você aceita uma mulher independente? E você, mulher: aceita um homem que cuida da sua própria saúde mental?
Em pessoas pretas, vemos a dificuldade de se construir o recebimento desse afeto. O racismo estrutural mina de tal forma que o processo de amar passa por se reconhecer enquanto sujeite negre, entender possibilidades de construção de afeto para elu mesme, questionar o que é amar u outre e como construir esse amor.
Entender um amor saudável é, por vezes, um processo complicado. Ainda mais se você é a primeira pessoa da sua família a compreender que existem outras possibilidades. Entendimento de individualidades, de formas de se amar e amar o outro, entender que um amor que sufoca não é amor.
Como saber o que é o que você quer para você e o que é o que a sociedade te impôs? O seu amar cabe quem você é?
#descriçãodaimagem: fundo branco com textura similar a de papel amassado. Na lateral superior esquerda, há uma forma orgânica em azul marinho. Na parte superior e centrar da imagem, há o nome da autora da imagem utilizada, e o nome dos autores do texto: Ana Albuquerque, Douglas Felix e Juliana Ribeiro. Também há a tag: Saúde Mental. Centralizada e justificada, há o título da postagem "O que é o amor para você?" Abaixo do título, há a imagem de duas mãos que quase se tocam. Atrás das imagens, há formas orgânicas nas cores azul e rosa. Na lateral inferior esquerda, há o logo do Canto Baobá em verde.
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